Qual a importância de um sistema de Kung Fu ?

 Qual a importância de um sistema de Kung Fu ?

Qual a importância de um sistema de Kung Fu ? Ao escrever “Kung Fu sem sistema, não é Kung Fu. Kung Fu que depende de um sistema, não é bom Kung Fu”, Grão-Mestre Moy Yat traduziu sistema como hai tung.
Mestre Leonardo Mordente, tradutor oficial da Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence, esclarece que a palavra hai tung 系統 é tautológica, isto é, as idéias veiculadas por hai 系 e por tung 統 se equivalem e se reforçam. Assim, pode-se dizer que a ênfase em um hai tung 系統, como bem representa a própria palavra, recai sobre a relevância das ligações, a conexão das partes, a constituição do todo, a suficiência do conjunto.





O sinológo François Jullien, docente da Universidade de Paris VII, escreveu que, para o pensamento chinês, o único sistema possível é da variável. Ao reconhecer a impossibilidade de modelizar o conflito, já que esse é constantemente mutável, a única construção possível foi de um sistema das diferenças.

Portanto, não se trata de identificar, em buscar de essências, mas antes, de inventariar (a título de recursos). Por isso, ocupa-se apenas em traçar um quadro de desvios: não dos desvios no nível do que seria a aplicação de sua lógica, como se ela fosse abstrata e voltasse a se encarnar, o que redunda no modelo, mas dos desvios que a diversidade das situações encontradas oferece e, a partir de uma lógica em que o potencial procede apenas da situação, permite reunir em quadro e comparar.

Para caracterizar um sistema, Grão-Mestre Moy Yat insistia na importância da conexão (tung) entre os seus componentes. Inicialmente, não tomei consciência que o proveito de um sistema está em explorar cada domínio (ling wik) dentro de sua natureza (kuen lei).

Atentar sobre a importância das diferenças, para identificar como passar de um componente para outro, torna-se fundamental no estudo do Sistema Ving Tsun. Cada componente está listado para poder ser explorado cada um a sua maneira, sendo essas as diferenças que nos levam a perceber como passar de uma natureza para outra.

Professor François Jullien, docente da Université Paris VII tem alertado que não há maior perigo, na guerra, do que imobilizar-se num caso dado; que não há dano maior do que estabelecer regras e fixar imperativos para si mesmo: pois esses enrijecem nossa conduta e nos impedem de aproveitar a variação, da qual provém o potencial (inclusive em termos de desenvolvimento humano).

Não que uma ou outra dessas atitudes seja em si, condenável. É repreensível apegar-se a uma delas, porque se é arrastado por ela a não mais concordar com a renovação da situação. 
Como o sábio, o estrategista “não se fixa num ponto”; toda a sua arte é saber variar de um extremo a outro – tão amplamente quanto o faz a realidade.
Por isso o sinólogo francês completa: “um sistema de variação substitui todo modelo”.





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