O Sistema Ving Tsun ( Wing Chun)

 Ving Tsun é um sistema de Kung Fu. Atribui-se à Fundadora Yim Ving Tsun

a sua integralização em seis domínios - Siu Nim Tau, Cham Kiu, Biu Ji, Mui Fa

Jong, Luk Dim Bun Gwan e Baat Jaam Do - representados por listagens de

dispositivos corporais de combate simbólico.




O emprego de dispositivos corporais para a constituição das listagens de um

sistema, visando o desenvolvimento do Kung Fu, parece natural se for

considerado que a experiência corporal é a mais próxima, a mais íntima, a mais

direta e aquela que se pode menos duvidar para frustrar a atividade dicotômica

do pensamento, que petrifica a fluidez de uma tendência e impede que se perceba

os sinais ínfimos da transformação que está por vir.

Por sua vez, desde os tempos remotos, os chineses valorizam a simbologia

do combate como uma experiência de premência de morte que potencializa a

capacidade de dois polos opostos se complementarem.

Concebidos a partir de uma conduta feminina, chi jit, os dispositivos

corporais de combate simbólico, chamados de jiu sik, possibilitam desenvolver

uma capacidade de adaptação que transforma o adversário no próprio potencial

a ser explorado em um conflito.

A determinação de seis elementos, em vez de limitativo, nesse contexto,

pode ter um significado de algarismo extremo, que vai até o extremo da

mudança. Desde os tempos mais remotos, os símbolos foram associados a

números. Ao associar os seis domínios do Sistema Ving Tsun com os hexagramas

do Yi Ging, pode-se retomar a antiga ideia de associar um hexagrama a um

sistema.

O ordenamento existente entre os seis domínios do Sistema Ving Tsun, além

de apontar a evolução de sua complexidade relacional, indica também a distinção

de quatro modalidades – um conjunto de homogêneos, composto pelos três

primeiros, cujos nomes não explicitam a modalidade a que pertencem – o kuen

faat -, a não ser por ausência de elementos externos; e um conjunto de

heterogêneos, cujos nomes contêm referência explícita à modalidade em que se

incluem, quais sejam: jong faat, gwan faat e do faat.

A relação da estrutura hexagramática e a arquitetura de uma situação faz-se

a partir do momento que dois trigramas são identificados e assim dois centros,

ou dois meios, são percebidos. É, por variação entre eles, que a “mudança” pode

se produzir. Assim, contrariamente à fixação a que levaria qualquer

monopolização devida a um centro único, a lógica de toda situação é a de uma

regulação que, variando de um polo a outro, como aqui entre os dois centros do

hexagrama, permite que o desdobramento vá até o fim do caminho tomado.

Essa duplicidade trilógica, promovida pelo hexagrama, enseja três fases,

cujo conjunto é conhecido por “Sau, Poh, Lei”. Sau pode significar aceitar,

manter, mas o Patriarca Moy Yat (9GVT) foi enfático: Sau, neste caso, quer dizer

obedecer. Poh é romper em pedaços, para que possa ser investigado. Lei que quer

dizer separar. Essas fases que potencializarão o Ving Tsun como um sistema de

desenvolvimento de Kung Fu.

A função de um sistema de Kung Fu é estabelecer, em cada domínio, uma

tipologia das disposições particulares que tem sido reconhecidas como as mais

apropriadas para o desenvolvimento da excelência em uma determinada

manifestação artística e cuja a experiência tem sido provida de mestre a discípulo,

de geração a geração, como um legado familiar.

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