Kung Fu, uma visão confuciana

 Kung Fu, uma visão confuciana 

Kung Fu, uma visão confuciana . Nas Entrevistas de Confúcio, o que ele pergunta a seus discípulos é de se investir de um jeito que vem por si mesmo, este sentido do “justo equilíbrio”, da “justa adequação”. É por isso que lendo o início das Entrevistas de Confucio, as pessoas dizem que não é de jeito nenhum interessante.

 Não há regras, não há normas, não há codificações, não há aulas...não se fala nada. Mas Confúcio mostra como, falando com um discípulo após o outro, ele dá um ‘toque’ para que percebam qual seria a regulação. Isto não é intelectualizado. Ele percebe a partir de uma situação, qual é a regulação que pode estar em jogo. Os ensinamentos de Confúcio não são teóricos. É achar ‘frente-a-frente’, um ou outro, o que pode desbloquear o discípulo e fazer entender a regulação.

O livro de Confúcio é, de fato, um livro de Kung FU, de investimento. Confúcio pede este investimento atento, dia após dia, e que deve justamente dar o “justo equilíbrio” para a situação. Equilíbrio não para de variar diante da situação. Então há uma base previsível para uma regra.

Eu proponho um texto que ilustra muito bem o gongfu, noção essencial para as artes marciais, mas do ponto de vista de Confúcio e então numa relação de formação da sabedoria.
Tradução e comentário de um texto de um discípulo: "Quanto mais levanto os olhos, mais é alto. Quanto mais eu cavo mais é duro. Eu vejo na minha frente e de repente está atrás".

Então, não existe uma regra e é preciso investir-se. O discípulo tem o sentimento que está
fora de seu entendimento, mas quando ele acha que está fora de seu alcance, vem por si
mesmo. "O Mestre Confúcio, de maneira progressiva, consegue orientar os homens. Ele me abre através das letras. Ele me controla através das rédias”.

Kung Fu, uma visão confuciana



Ao mesmo tempo, ele expande e faz o contrário. "Gostaria de abandonar, mas não posso e quando estou no final de minhas forças, é como se tudo aparecesse a minha frente". Você vê o sentimento de confusão do discípulo. Ele quer regras. Ele quer aprender, mas o que Confúcio lhe dá no final? O melhor, pois esta apredizagem pelo Kung Fu , pelo investimento pessoal, [ele] pode perceber em cada situação, qual é o equilíbrio, a regulação. Mas isto nunca é transmitido de um jeito concreto e imóvel. Olho para cima e me parece mais alto. Acho que está na frente, mas está atrás. Me desespero e isso aparece! Você vê o que é
importante.

No ensino das artes marciais, é exatamente a mesma coisa. Na minha opinião, o ensino das artes marciais chinesas é totalmente modelado a partir deste ensino da sabedoria. [Quanto] à evolução do termo gongfu, eu acho que este termo é uma noção muito implícita em chinês. Isto significa que eles não a explicitaram. Os chineses têm uma certa evidencia desta noção. 
É alguma coisa que não se pode explicitar totalmente, por isso o xinfa. Os chineses não refletiram ainda suficientemente no sentido da noção, porque ela só pode sair da evidência quando eles encontram o pensamento ocidental. É encontrando o pensamento ocidental que eles vão perceber que há um implícito pedagógico e assim um recurso de pensamento. 
Você acha alusões, é sempre citada, mas jamais estudada.

A noção de Kung Fu  não tem equivalente na cultura europeia. É uma noção que se deve trabalhar, uma noção interessante a estudar agora que é possível de colocar em perspectiva o Kung Fu , o xinfa com as tradições ocidentais que não desenvolveram esta noção.





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