Arte marcial criada por uma Mulher

  Arte marcial criada por uma Mulher 

 Arte marcial criada por uma Mulher . A arte marcial conhecida como Ving Tsun (Wing Chun) foi criada por uma mulher . Essa mulher se chamava Yim Ving Tsun !
Mas por que atribuimos a fundação desta Arte Marcial a uma mulher  ?

Arte marcial criada por uma Mulher



Ao atribuirmos à Fundação a uma Mulher a elaboração da listagem dos domínios que compõem o Sistema Ving Tsun ( Wing Chun ), estamos preservando uma longa tradição de 4.500 anos, quando Wong Tai, o Imperador Amarelo, recebeu um livro de caráter estratégico de uma exótica figura feminina. Essa passagem está contida na obra Dai Ping Yu Laam, considerada um dos quatro grandes livros da Dinastia Song (960–1279), compilado pelo Primeiro Ministro Lei Fong.

Wong Tai foi o mais proeminente dos monarcas de sua época. Era também conhecido como o Imperador do Meio. Ao enfrentar Chi You - adversário que representava a violência com poder e força incomparáveis - ele, inicialmente, sofreu pesadas derrotas, mas tornou-se invencível após valorizar e respeitar uma figura feminina fazendo uso do que dela recebera. Essa figura feminina era Yun Nui, em que “yun” pode significar profundo, negro, oculto, enquanto “nui” representa a figura feminina, a mulher.

Observem que enquanto a descrição da figura não deixa dúvida que é feminina, por outro lado ela não se caracterizava como mulher, pois tinha corpo de pássaro. Parece que o texto nos deixa uma mensagem que a feminilização está nas características de natureza considerada feminina pelos chineses e não uma referência ao sexo feminino enquanto gênero.

Em uma palestra que proferi no Seminário “Esporte, Desenvolvimento e Paz”, organizado por ocasião dos Jogos Mundiais Militares no Rio de Janeiro, fui interpelado por uma representante da ONU (Organização das Nações Unidas) que perguntou se a feminilização da guerra não seria a “Feminilização da Guerra” (da noção chinesa de yin-yang). Agradeci-a por essa intervenção, pois muito me ajudou a esclarecer para os demais participantes sobre a extensão dessa noção.

O Imperador Amarelo não só foi protagonista da revolução no plano simbólico da guerra como também a ele atribui-se a autoria da obra Wong Tai Sei Ging, conhecido como “Os Quatro Cânones do Imperador Amarelo”, nos quais reforça a valorização da conduta feminina. Essa obra defendia que a eficácia se ocultava sob à máscara da delicadeza e da fragilidade apresentada pela atitude feminina.

Contudo a feminilização da guerra só foi consagrada por Son Ji, cerca de 2.000 anos depois, através da obra conhecida hoje como “A Arte da Guerra” (Son Ji Bing Faat), na qual a eficácia da guerra estratégica é consagrada no campo do feminino.

Dr. Albert Galvany, na sua introdução da obra El Arte de la Guerra, publicada pela Editorial Trotta (Madri), em 2001, discorreu sobre a nova ordem no Período dos Reinos Combatentes (475-221 a.C.), em que destacou a Feminilização da Guerra como aspecto relevante na inversão dos valores guerreiros consagrados no Período das Primaveras e Outonos (722-403 a.C.).
 Esses foram os períodos que antecederam ao estabelecimento do império chinês em 221 a.C..

Ainda que a guerra continuasse a ser assunto de domínio masculino, as novas qualidades de um estrategista passaram a pertencer ao domínio do feminino, como a percepção, a moderação, a sustentabilidade da excelência, a antecipação, a intuição, a “não-ação”, a flexibilidade, a sutileza e a capacidade de lidar com a escassez de recursos, dentre outras.





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